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Djibouti: itinerário de 5 dias

Bem-vindos ao terceiro menor país de África, e que muitos provavelmente não conseguiriam apontar no mapa! O Djibouti é um pequeno território conhecido pelas bases militares estrangeiras e aparentemente sem nada para ver. Uma pesquisa rápida, no entanto, denuncia prontamente alguns locais e atividades com interesse turístico.

Não esperemos, ainda assim, que sejam necessários vários dias para ver o país. Fizemo-lo em 5 dias e meio mas julgamos ser possível fazer uma visita relativamente completa com 4 dias. Assim, a adição do Djibouti a um percurso num país vizinho seria a melhor opção para o visitar. No nosso caso tal não foi possível por uma combinação de situações: restrições covid nos países vizinhos e vouchers de companhias aéreas a expirar.

Esta viagem foi realizada em meados de fevereiro de 2022.

Dia 0: Chegada

Todos os voos internacionais drenam para o Aeroporto Internacional do Djibouti (código IATA: JIB). Aterrámos logo após o almoço num voo da Qatar Airways que parou no Djibouti antes de prosseguir para Mogadishu (Somália).

A primeira coisa que tentámos fazer foi trocar moeda, visto que o país funciona à base de dinheiro físico e precisávamos para o táxi. No entanto, o único indivíduo a fazê-lo pedia uma conversão absurda. Esquecemos esta ideia e trocámos mais tarde na cidade, fazendo a pé os 3km que nos separavam do hotel.

Ficámos no Auberge Boulaos todas as noites que passámos na Cidade do Djibouti. Foi a opção mais barata que encontrámos (74€ / 80$): todas as outras ficavam a um preço muito mais elevado. As comodidades são medianas, a ligação wifi é aceitável mas fica a alguns km do centro urbano. Apesar disso, têm à disposição um serviço de táxi grátis que nos leva onde quisermos (sujeito a disponibilidade no momento). Atualmente, não estão a aceitar reservas no booking.com.

Nota: ao contrário do que costumamos fazer, não optámos por alugar carro no Djibouti visto que a maior parte do tempo íamos ficar na cidade ou em tours programadas.

Depositada a bagagem no hotel, fomos ao centro para um vislumbre rápido daquilo que nos esperaria na capital. Contudo, voltámos cedo visto que no dia seguinte iniciaríamos uma tour de dois dias até ao Lago Abbé.

Palácio do Povo, Cidade do Djibouti

Dias 1-2: Tour ao Lago Abbé

Este lago salgado fica a 6h de carro da capital, daí necessitarmos de dois dias. Apesar da reduzida distância geográfica em termos absolutos, metade do percurso é em terra batida.

Questionámos várias companhias locais mas o melhor preço que conseguimos foi 120000DJF (627€ / 674$) com a Phoenix Travel Services. O preço e tabelado à viatura (um 4x4 de 5 lugares) e inclui condutor e guia. Seria exatamente o mesmo para uma, duas ou três pessoas. É possível contactá-los no seu Instagram. A maioria dos outros orçamentos rondava os 800€, mas a realidade é que só há um parque de campismo no Lago Abbé... Qualquer que seja o preço praticado, acaba por dar acesso às mesmas instalações.

O guia e condutor encontraram-se connosco cedo, no nosso hotel. Prosseguimos pela estrada de asfalto até Dikhil, a última paragem na estrada principal, onde almoçámos. De seguida, mergulhámos no deserto até ao Lago Abbé. No caminho, vemos algumas vilas perto da estrada principal.

Habitantes das vilas do deserto na sua rotina diária

Alguns sectores da estrada são incrivelmente cénicos, então fomos solicitando paragens ocasionais para algumas fotos. Assim que o 4x4 chegou às chaminés do Lago Abbé, o guia saiu connosco do carro e caminhámos os metros que faltavam, ainda não acreditando nesta paisagem de outro mundo.

Estrada de terra batida para o Lago Abbé, atravessando o deserto
Mais um esforço e chegamos! Já se vêem as chaminés do lago à distância

O acampamento é muito, muito básico. Meia dúzia de bungalows, algumas tendas, WC apenas com o estritamente necessário e milhões de mosquitos (aconselha-se repelente). O jantar e pequeno almoço, no entanto, são típicos e inesperadamente bons.

Na manhã seguinte acordámos cedo para ver o nascer do sol nas chaminés. Após isso, caminhámos pela zona para testemunhar os fenómenos geotérmicos e também para ver o próprio lago. Depois do pequeno-almoço, iniciámos o caminho de volta à capital com algumas paragens pelo meio.

Paisagens que parecem tiradas de outro planeta

A primeira paragem foi no Lago Assal, a segunda depressão mais profunda e terceiro ponto mais profundo do mundo. É também um dos lagos mais salgados da Terra, onde nómadas Afar vem recolher ocasionalmente sal para as suas tribos. A partir da estrada costeira que para lá se dirige podemos ver a Ilha do Diabo (Devil's Island), uma formação rochosa arredondada no Lago Ghoubet.

Nota: o Mar da Galileia é o segundo ponto mais baixo da Terra mas é considerado na mesma depressão do Mar Morto.

Margens do Lago Assal com sal cristalizado

A última paragem foi o desfiladeiro do Djibouti (Djibouti Canyon), localizado relativamente perto do Lago Assal. Se tudo correr de acordo com o plano, a tour termina no hotel pelas 17:00.

Desfiladeiro do Djibouti

Dia 3: Golfo de Tadjoura

Neste dia planeámos uma tour para ver tubarões-baleia no Golfo de Tadjoura. A época alta vai de novembro a janeiro, mas em fevereiro é ainda muito provável encontrá-los nesta zona. Infelizmente, o operador avisou-nos que não tinham conseguido avistar nenhum na semana anterior, então alterámos o plano e fomos andar de caiaque e fazer snorkeling (também tour guiada).

Escolhemos a Rushing Waters Adventures e foi óptimo, apesar da mudança de planos! É uma empresa familiar gerida por americanos expatriados que recomendamos: foram sinceros connosco na questão dos tubarões-baleia e permitiram-nos trocar para uma tour que era mais barata (tour de caiaque e snorkel = 350€ / 370$, preço total para duas pessoas). Têm também bastante experiência em caiaques e acompanharam-nos o dia todo.

A tour teve um total de 8 horas. Fomos de caiaque até ao início do recife e no caminho de volta fizemos snorkeling, com pausa para almoço numa praia deserta. Tal como outros pontos no Mar Vermelho (Hurghada e Aqaba, p.ex.), as condições para snorkeling são perfeitas! Na volta para Djibouti City, passámos pela cidade de Arta, que dispõe de excelentes vistas para o golfo.

Praia deserta no Golfo de Tadjoura

Dia 4: Cidade do Djibouti

Nota: neste dia tentámos ir de ferry para Tadjoura, mas todo o processo é caótico. O controlo da bilheteira está a cargo de militares, que decidem quem entra ou não num processo largamente arbitrário. Sendo turistas com um francês medíocre, estávamos obviamente em desvantagem. Outra opção para visitar Tajdoura seria um táxi, mas implicaria demasiadas horas de estrada e 185€ (200$) a menos na carteira. Acabámos por desistir e visitámos Djibouti City neste dia.

A cidade não é muito interessante, e curiosamente notámos que o Djibouti poderá ser o primeiro país que visitamos sem um museu nacional (que saibamos). Os maiores destaques são o bairro francês e islâmico, que apresentam arquitecturas coloniais e arábicas, respetivamente. O bazaar e a mesquita central, muito rudimentar, são o coração da cidade.

Passear pela cidade requer algum cuidado. A polícia é extremamente corrupta e costuma usar esquemas para ganhar dinheiro à custa de turistas. Um dos mais usados prende-se com máquinas fotográficas ao pescoço: pedirão um "tourist card" para autorizar turistas a fotografar a cidade. Como não existe tal coisa, tentam forçar o pagamento de uma multa de 100$ (93€) por não apresentarmos o tal cartão de turista.

Isto aconteceu connosco também. Ameaçámos ligar para a embaixada francesa, o que pareceu surpreendê-los. Fomos levados à esquadra e tivemos que mostrar todas as fotos que tirámos no Djibouti. Como não fotografámos nada sensível (edifícios administrativos, portos, aeroportos, etc) acabámos por receber apenas um aviso e não tivemos que pagar nada. Desde aí, tirámos apenas fotos com o telemóvel, e só quando nos certificávamos de que não havia polícia por perto.

Dia 5: Praia de Douda

Neste último dia estava previsto abandonarmos o país ao fim da tarde. Desistir de Tadjoura deu-nos espaço na agenda para algo que não estivesse previsto. Resolvemos que o melhor seriam algumas horas de praia para relaxar antes do regresso.

A praia de Douda fica entre a Cidade do Djibouti e a fronteira com a Somaliland, um território soberano mas não reconhecido que internacionalmente é tido como pertencente à Somália. Apesar de se localizar perto da capital, até à fronteira são apenas mais 10km. Por este motivo a segurança é mais apertada, e para chegar à praia passámos por dois checkpoints militares. Acordámos um preço com um taxista (perto dos 28€ / 30$) que incluía viagens de ida e volta com espera de 2h na praia. Em Douda é improvável a existência de táxis portanto optámos por este método. O parque para um carro custa 500 FDJ (2,60€ / 2,80$).

Sem grandes correntes e com uma parte significativa de baixa profundidade, é um sítio aparentemente bastante seguro para estar na água. Existe também uma zona com vegetação onde se pode passear. Nas imediações do parque de estacionamento há um bar/restaurante perto da linha de água.

E assim foram os nossos 5 dias no Djibouti! A caixa de comentários em baixo encontra-se disponível para questões ou sugestões!

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