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Síria: guia rápido

Introdução:

Grande parte dos países do Médio Oriente encorpora um passado recheado de História, onde diferentes civilizações prosperaram em variados espaços temporais. A Síria, um território com evidência de presença humana desde 10000 a.C., não é exceção à regra.

Os Fenícios foram dos primeiros povos de que há registo nesta zona. Mais tarde, Alexandre o Grande conquistou o território, inaugurando o período Helenístico, ao qual rapidamente se seguiu o período Romano. O que resta de ambas as civilizações pode hoje ser vislumbrado em ruínas como Palmira, Apameia ou Busra, mas também no centro de Damasco, onde a cidade velha se encontra dividida em quadrantes pelos antigos Cardo Maximus e Decumanus Maximus. Os Romanos também transportaram até aqui o Cristianismo, principalmente para a Antióquia (hoje Turquia) e parte costeira da Síria e Líbano.

Alguns séculos mais tarde, o país tornou-se no campo de batalha entre Cruzados e Califados Islâmicos, o que trouxe a necessidade de fortificação do terreno. Ainda hoje podemos visitar vários castelos dos Cruzados, dos quais o Krak des Chevaliers é o exemplo mais impressionante e melhor conservado.

Mais recentemente, o país passou por difíceis provações, nomeadamente uma guerra civil que teima em não acabar e que vai desgastando a sua imagem. Começou após a Primavera Árabe, quando diversas facções e milícias começaram a aparecer em resposta ao autoritarismo do presidente. Houve uma altura em que o caos parecia ameaçar o governo, mas a maré mudou: por um lado com a chegada de ajuda internacional, e por outro com sucessivos sucessos militares dos curdos no deserto.

Hoje, o governo controla pouco mais de metade do território, e esta é a parte possível e razoavelmente segura de visitar na Síria. No entanto, a situação pode sempre mudar abruptamente, sendo necessário estar atento às últimas atualizações de segurança. Poderão ler a nossa experiência completa aqui.

Geografia:

Espraiando-se na costa do Mar Mediterrâneo, este país projeta-se numa variedade de paisagens e tem como vizinhos a Turquia, Líbano, Iraque, Jordânia e Israel. A zona mais perto da costa é irregular e fértil, com uma cadeia montanhosa que se continua a sul pelo Líbano. A leste das maiores cidades (Aleppo, Hama, Homs e Damasco), vamos progressivamente encontrando uma área desértica que acaba por se encontrar com o Iraque e a Jordânia.

As cidades costeiras apresentam um clima mediterrânico típico, com invernos amenos e verões secos, enquanto no interior os invernos são mais frios e os verões insuportavelmente quentes.

Informação básica:

  • Capital: Damasco
  • População: 21,3M (estimativa de 2021)
  • Língua: árabe
  • Religião: 87% Islão; 10% Cristianismo; 3% Druze
  • Moeda: libra síria (SYP). Em agosto de 2023:
    • 1 USD = 2,512.03 SYP
    • 1 EUR = 2,733.89 SYP
  • Tomadas:
    • type C, E and L (compatible with EU devices)

Melhor altura para visitar:

Os melhores meses para visitar a Síria são abril-maio e setembro-outubro, onde podemos aproveitar o tempo ameno e evitar o calor abrasador do pico do verão e os dias mais frios e curtos do inverno.

Escolhemos visitar em Abril, o que felizmente coincidiu com o mês do Ramadão, em que os crentes jejuam durante o dia e festejam após o pôr-do-sol. A principal preocupação de viajar nesta altura seria a escassez de oferta de comida durante o dia, mas não foi o caso. Encontravam-se abertas algumas bancas de fast-food e take-away com shawarma (espetada de carnes) e manakish (um género de pizza), e além disso os restaurantes de empresários cristãos continuavam normalmente abertos. Assim, não ficámos em nada prejudicados e ainda pudemos testemunhar toda a vida noturna deste período tão importante para o Islão!

Vistos (simplificado)

Os cidadãos de todas as nacionalidades necessitam de submeter uma aplicação para obtenção de visto, embora existam excepções não oficiais para alguns países árabes. Cidadãos com passaporte israelita estão proibidos de entrar na Síria. Os visitantes dos EUA também se encontravam banidos até há pouco, mas agora estão sujeitos ao processo normal de candidatura.

O preço do visto varia conforme a nacionalidade. Cidadãos da UE normalmente pagam algo entre 50-100€, enquanto os do Canadá, Austrália, Nova Zelândia ou Reino Unido já terão que despender 130€, por exemplo. Atualmente, visitar a Síria é apenas permitido com guia autorizado e após parecer positivo do Ministério do Turismo. Isto facilita os trâmites necessários à obtenção de visto, que serão agilizados pela agência.

Orçamento:

Viagens independentes à Síria não são possíveis, de momento. Dever-se-á contactar uma agência local para obtenção de visto, acomodação e permissões para desbloquear zonas mais isoladas como Palmira ou Apameia. Escolhemos a agência Marrota (podem visitar o site da companhia aqui), porque nos ofereciam o melhor preço para o itinerário que desejávamos.

Os preços variam entre 200-300€ para uma curta visita de 2-4 dias a Damasco e alguns pontos de interesse não muito distantes, e aproximadamente 1500€ para uma tour completa ao país, com tudo aquilo que é possível visitar de momento. Escolhemos a tour mais pormenorizada possível, uma vez que o Médio Oriente e Ásia Central são as nossas regiões favoritas do mundo.

Dinheiro:

Tudo neste país funciona à base de dinheiro vivo. Assim, é improvável conseguir pagar muita coisa com cartão, à exceção talvez de hotéis e alguns restaurantes nas cidades mais populosas. É de notar que este é um dos poucos países onde cartões pré-pagos como o Revolut não funcionam.

Fazer transações com dinheiro estrangeiro é ilegal, portanto devemos evitar pagar o que quer que seja na nossa moeda. Levámos euros e dólares, que foram trocados pelo nosso guia através dos seus contactos. Em alternativa, poderão sempre dirigir-se a um banco e trocar lá.

Todos os gastos com hotéis, transportes e bilhetes estavam asseguradas pela tour (a qual pagámos em dinheiro, à chegada). Não sabemos portanto o preço exato de cada despesa isoladamente.

Cartões SIM:

A MTN é a única companhia que disponibiliza cartões SIM, que saibamos, e o processo não deverá ser muito penoso. Acabámos por não arranjar um porque todos os hotéis e a maioria dos restaurantes tem um ponto de ligação Wi-Fi.

Nalgumas viagens temos usado a aplicação Airalo para obter cartões eSIM no estrangeiro. No entanto, a Síria não está incluída nesta aplicação e provavelmente também não estará noutras.

O que vestir:

A população é predominantemente muçulmana, daí que sejam aconselhados outfits mais modestos, especialmente em edifícios religiosos. Aqui, não é autorizada a entrada a homens de calções. Para mulheres, encontramos normalmente Abayas (vestidos longos com capucho) à entrada dos sítios mais turísticos, que poderão ser emprestadas durante a visita.

Nas ruas, as mulheres podem andar normalmente, sem cobrir a cabeça. Aconselham-se sobretudo vestidos longos ou roupas largas, mais apropriadas e que não levantarão certamente problemas. É muito provável que se cruzem com locais de top, saias, ou calções, mas sugerimos não seguir esse exemplo para evitar situações menos agradáveis.

Segurança:

Apesar da reputação negativa associada à Síria, não houve uma única situação em que nos sentíssemos em perigo. Normalmente chegávamos ao hotel pelo meio da tarde e daí seguíamos sozinhos para explorar as redondezas ao pôr-do-sol e noite, sempre sem nenhum problema. Como em todo o lugar, poderão obviamente existir carteiristas ou pequenos furtos, portanto aconselhamos sempre atenção e senso comum.

Viajar entre cidades só é possível com a companhia dos guias. As estradas são calmas e razoavelmente pavimentadas, com checkpoints militares dispersos onde temos que entregar o passaporte para inspeção. Em algumas paragens, pediam para ver mala do carro, por segurança. Os militares foram sempre prestáveis e nunca pediram suborno aos guias, à exceção de um posto onde pediram uma pequena "gorjeta", entre a fronteira do Líbano e da Síria.

Gorjetas:

Não é um hábito enraizado na Síria. Ainda assim, os restaurantes mais cotados das grandes cidades começam a seguir o standard europeu de 5-10% do valor total da conta.

Alojamento:

Ficámos em hotéis de diferentes gamas, desde os mais básicos até luxuosas casas damascenas como o Beit Al Mamlouka (Damasco). Em todos o pequeno-almoço estava incluído e a reserva foi feita pela agência, de modo que não sabemos o preço das noites. Não conseguimos também pesquisar hotéis em território sírio através de motores de busca, como o booking.com.

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