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Nove dias na Síria: o que é possível ver em 2023?

A Síria tem passado por bastante nos últimos anos, sendo frequentemente associada a um conflito sem fim que tem destruído o país. Esta situação originou-se em 2011, quando movimentos populares começaram a exigir outro tipo de políticas por todo o Médio Oriente (Primavera Árabe). No caso sírio, o governo reprimiu fortemente estas manifestações, o que só fez aumentar a espiral de violência.

Diversas facções e milícias começaram a aparecer do nada. O ISIS, um acrónimo de que decerto nos relembramos, era o mais poderoso dos grupos armados que surgiram. Houve uma altura em que o caos parecia ameaçar o governo e o país. No entanto, a maré mudou: por um lado com a chegada de ajuda internacional, e por outro com sucessivos sucessos militares dos curdos no deserto.

Hoje, o governo controla apenas pouco mais de metade da Síria, enquanto a província de Idlib é mais afecta à oposição. As tropas turcas controlam uma parte da fronteira norte, e os curdos controlam o deserto a este do Eufrates (ver mapa abaixo).

O território sírio encontra-se hoje distribuído pelo governo, curdos, exército turco e milícias independentes.

Assim sendo, o que é possível ver na Síria em 2023?

Por incrível que pareça, muito! As cidades e locais históricos mais importantes estão do lado do governo e é possível visitá-los normalmente. Além disso, a maioria continua de pé e em estado bastante aceitável, ao contrário da imagem que pretendem passar nas nossas televisões.

Ainda assim, as regras atuais requerem que visitemos o país na companhia de uma agência local. Após contactar com outras pessoas que por aqui andaram recentemente, escolhemos a Marrota Travel & Tourism e a tour "Everything Possible". São o maior operador na Síria e proporcionaram-nos uma viagem ótima, pelo que os recomendamos vivamente.

O mapa que se segue destaca os pontos visitados nesta nossa viagem. Mais abaixo, deixamos uma descrição breve dos mesmos.

O que visitámos na Síria

Dia 0: Chegada

O modo mais conveniente de entrar na Síria é por terra. As sanções internacionais esganam a capacidade de crescimento do país de vários modos. Neste caso, 1) torna-se mais complicado encontrar voos para aqui chegar e 2) aumentam o preço dos poucos voos disponíveis. A solução passa por aterrar em Beirute, conduzir 65km até à fronteira, carimbar o passaporte e depois viajar por mais 50km até Damasco. Este processo todo deve demorar cerca de 3h, e a passagem na fronteira deve ser fluída visto que a agência normalmente trata destas formalidades antecipadamente.

No nosso caso, chegámos a Damasco a tempo de jantar. Após fazer o check-in numa casa damascena típica transformada em hotel, fomos explorar sozinhos as nossas opções na cidade velha. Acabámos no famoso "Al Burj", um take-away de street food recomendado pelos funcionários do hotel.

Provavelmente perguntar-se-ão se andar na Síria à noite é seguro. Fomos aconselhados a fazê-lo pelo nosso guia, para ver as coisas como são na realidade, e apreciar a vida e o comportamento geral das pessoas. A verdade é que nunca nos sentimos inseguros ou ameaçados nos períodos em que andámos sozinhos nas cidades, e até nos divertimos imenso com as interações que fomos tendo nestes passeios.

Dia 1: Damasco

A capital da Síria respira história, visto que falamos da cidade continuamente habitada mais antiga do mundo. Foi conquistada, arrasada e reconstruída mais vezes que as que conseguimos contar e ainda assim resiste, contra todas as probabilidades.

Visitámos Damasco no primeiro e último dias do nosso percurso. No primeiro dia, visitámos o Palácio El-Azm, a Mesquita Umaíada, o Museu Nacional, os mercados e a capela de S. Ananias. A Mesquita Sayyidah Zainab ficou para o último, visto ser já um bocado afastada do centro.

Preparámos um artigo isolado que contempla unicamente Damasco. Poderão lê-lo seguindo este aqui.

Dia 2: de Damasco a Homs

Neste dia, deixámos o conforto da capital para seguir para norte. Pensámos que fosse mais inseguro fora de Damasco, mas mais uma vez estávamos errados. Encontrámos por vezes checkpoints militares que nos assustavam um pouco, mas depois percebemos que estavam ali para garantir a nossa segurança. Foi aliás uma experiência parecida com o que tivemos no Curdistão Iraquiano (poderão ler mais acerca do Curdistão aqui).

Ao longo dos quilómetros, fizemos paragens em Saidnaya, Maaloula e Deir Mousa Al-Habashi.

2.1. Saidnaya

Chegámos aqui 30km depois de sair de Damasco. A geografia irregular da cidade torna-a um local proveitoso para a construção de um mosteiro no topo de uma colina. O Mosteiro de Nossa Senhora de Saidnaya era o principal objetivo da paragem: um complexo cristão que se acredita ter sido inicialmente construído no séc. VI. Alberga ícones e artefactos valiosos e com importância espiritual, sendo um destino comum de peregrinação para os cristãos da Síria.

Fachada do Mosteiro de Nossa Senhora de Saidnaya

2.2. Maaloula

Mais uma pequena vila a norte de Damasco, carregada de significado histórico e religioso. Construída contra os declives íngremes das montanhas em seu redor, goza de um isolamento que lhe permitiu conservar uma característica linguística muito peculiar.

Este é um dos poucos locais do mundo em que se fala ainda Aramaico, a língua falada por Jesus Cristo. É falada por uma pequena comunidade cristã e tem atraído muitos curiosos e estudiosos de línguas e cultura da época.

Sendo uma cidade de maioria cristã, também aloja alguns mosteiros nas suas escarpas. Isto também fez da cidade um alvo para o ISIS, que aqui andou por 2014, tendo-a tomado e destruído vários artefactos e relíquias. O mosteiro Mar Sarkis (Sto. Sérgio) foi especialmente afectado, mas hoje já se encontra reconstruído, à semelhança do mosteiro Mar Takla (Sta. Tecla). Ambos são muito visitados pelos cristãos sírios.

2.3. Deir Mar Mousa Al-Habashi

Deir Mar Musa al-Habashi (Mosteiro de S. Moisés, o Abissínio) é outro local histórico importante mais a norte de Maaloula. A sua construção data do séc. VI e tem sido ligado ao longo da história tanto à religião cristã como islâmica. Acabou por ficar definitivamente afiliado ao Cristianismo há alguns séculos e ainda hoje os poucos habitantes se mantêm fiéis a esta religião.

Várias centenas de degraus transportam-nos até este mosteiro

O estilo arquitectónico é único e mistura influências dos períodos romano, bizantino e islâmico. Aqui podemos encontrar mosaicos e frescos num estado de conservação quase irrepreensível, que tornam o mosteiro uma atração a não perder. Em conversa com a responsável do mosteiro, percebemos que é muito procurado por Europeus que procuram isolamento e meditação, e que acabam por aqui permanecer por meses, em alguns casos.

2.4. Homs

Chegámos finalmente a Homs quando a tarde ia a meio. Durante a Guerra Civil Síria, esta cidade foi dos principais focos de destruição e violência, que ainda hoje podemos testemunhar. No entanto, os danos encontram-se circunscritos a bairros específicos, pelo que grande parte de Homs se encontra tal como era antes da guerra.

Quotidiano em Homs

Chegando a Homs, ficámos mais uma vez com autonomia para explorar as redondezas e jantar à nossa vontade. De notar que, apesar de toda a destruição, ainda há incrivelmente vida noturna e nunca sentimos qualquer perigo aqui.

Dia 3: de Homs a Aleppo

3.1. Homs (continuação)

O dia começou cedo, visto que tínhamos deixado a maioria de Homs por ver. A primeira paragem foi na Igreja do Santo Cinto (Saint Mary of the Girdle), uma igreja cristã recheada de história. É dedicada à virgem Maria e frequentada por cristãos e muçulmanos, surpreendentemente.

Igreja do Santo Cinto

O edifício alberga o alegado cinto da virgem Maria (daí o seu nome), o qual se encontra em exposição no piso térreo da capela. Podemos também visitar o piso subterrâneo, construído há vários séculos e onde os primeiros cristãos rezavam por volta dos anos 50-60 (séc. I).

Mesquita de Khalid ibn al-Walid

De seguida, fomos visitar a Mesquita Khalid ibn al-Walid, que recebeu o seu nome de um militar que ajudou a terminar com o domínio bizantino na Síria. A destruição dos edifícios em torno deste templo é largamente visível, e mesmo a mesquita não saiu ilesa da Guerra Civil. Atualmente, os trabalhos de reconstrução da mesquita estão quase terminados, e o interior encontra-se já pintado e bem cuidado. Ao entrar na mesquita deparamo-nos com dois túmulos: o maior é a suposta tumba de Khalid e foi inicialmente feita no séc. XI. O local é frequentemente visitado por locais não só para rezar mas também para prestar reconhecimento a esta personagem importante da Idade Média.

Em alguns dos bairros de Homs ainda vemos o rasto de destruição da guerra

3.2. Hama

Mais a norte de Homs, encontramos outra metrópole com milénios de história (tanto Homs como Hama são, à semelhança de Damasco, das cidades mais antigas do mundo). Ao contrário do que seria suposto, Hama escapou ilesa à Guerra na Síria. Isto porque a população ainda tem memória de uma revolta nos anos 80 (1982) com epicentro na cidade, que só foi "resolvida" após um cerco militar e uma contagem elevada de mortos.

A atração mais característica da cidade são as suas noras (conhecidas como "norias" por aqui). Estes engenhos deslocavam água do rio Orontes para os terrenos adjacentes e representam um avanço significativo na agricultura desse tempo. Hoje existem 17 noras na cidade, mas nenhuma funciona com o seu propósito original (uma ainda roda sobre si mesma mas apenas para exibição).

Hama

Dia 4: Aleppo

Chegámos à cidade histórica de Aleppo (outra das cidades mais antigas do mundo) no fim do dia anterior. Foi em tempos um foco importante das trocas comerciais do Médio Oriente, bem como um centro de inovação cultural e civilizacional. Na Guerra Civil tudo mudou e a cidade mergulhou temporariamente no caos, fazendo notícias por todo o mundo. Como se tal não bastasse, o terramoto de fevereiro de 2023 conseguiu destruir ainda mais algumas infra-estruturas de Aleppo.

Dada a história e quantidade de atrações de Aleppo, preparámos um artigo isolado que poderão ler aqui.

A inconfundível cidadela de Aleppo

Dia 5: de Aleppo a Latakia

Depois de Aleppo, chegou a vez de explorarmos o noroeste da Síria, o que nos trouxe muito perto da linha da frente do conflito, na província de Idlib.

5.1. Apameia

Uma das mais famosas cidades greco-romanas do Médio Oriente encontra-se aqui, a apenas 5-10km da linha da frente. O caminho até às ruínas encontra-se repleto de militares, sendo proibido fotografar o equipamento de guerra. Apesar de se encontrar perto da frente de batalha, são permitidas visitas desde junho de 2022.

Apameia foi um importante local de estacionamento de tropas nas épocas grega e romana. Foi fundada em 300 a.C. por Seleuco, um dos generais de Alexandre o Grande, e baptizada em honra da sua mulher, Apama. Mais tarde, no ano 64, caiu nas mãos dos romanos mas manteve a sua importância. Estima-se que nesta época tenham aqui morado 100000 habitantes.

A desagregação do Império Romano (Período Bizantino) assistiu à perda de influência da cidade, maioritariamente devido às incursões e ataques Persas, que causaram um declínio nas trocas comerciais. O período Árabe foi o último prego no caixão da cidade, à medida que a geopolítica da região se alterou e este território perdeu influência dos destinos do Médio Oriente.

Todavia, a grandeza da cidade adivinha-se a partir das suas ruínas. A via colunada estende-se por cerca de 2km e é o principal ponto de interesse, mas outros marcos típicos das cidades romanas podem também ser vislumbrados. Durante o conflito recente, as ruínas escaparam à artilharia mas não aos caçadores de tesouros que vieram aqui tentar a sua sorte. Os buracos que escavaram mantêm-se perceptíveis nos dias de hoje.

5.2. Cidadela de Saladino

Numa colina com vista sobre Latakia, encontramos um popular destino turístico para os locais. Esta fortaleza foi provavelmente construída durante o reinado de Saladino (Salah Al-Din), um importante líder militar muçulmano que recapturou Jerusalém aos Cruzados.

O forte manteve uma importância geo-estratégica dos sécs. XII ao XIX, mas a partir daí foi sendo desprezado. Nas últimas décadas desencadeou-se felizmente um movimento para o restaurar, mas o terramoto de 2023 abriu algumas frestas nas muralhas e desde então fechou para turismo. Só conseguimos mesmo ver a fortaleza de um miradouro.

Miradouro sobre a Cidadela de Saladino

5.3. Ugarit

Perto da costa, encontramos as ruínas desta cidade-porto que tem sido um mistério para os arqueólogos. Esta civilização provavelmente terá tido o seu auge na Idade do Bronze, estabelecendo relações comerciais com os seus vizinhos Hititas, Egípcios e outras povoações da Mesopotâmia. No entanto, o seu desaparecimento ter-se-á dado repentinamente após terem sido atacados por uma civilização rival de origem desconhecida a que chamaram "Pessoas do Mar".

Um dos legados mais proeminentes dos Ugaritas é o alfabeto, um dos mais antigos descobertos até agora. Foram inclusivé encontradas nas ruínas do palácio real pequenas tábuas com o alfabeto cuneiforme completo deste povo, o que veio trazer alguma luz à sua cultura. Ainda assim, ninguém sabe ao certo como surgiram nem como se extinguiram.

Dia 6: de Latakia a Tartous

Após uma boa noite de sono em Latakia, foi altura de iniciar o caminho de volta para sul, desta feita até Tartous.

6.1. Qardaha (Túmulo de Hafez Al-Assad)

Encontramos este mausoléu numa encosta perto de Latakia. É também um memorial dedicado a Hafez Al-Assad, o anterior presidente da Síria, que exerceu funções de 1971 a 2000. É atualmente considerado pela maioria da população como o criador da Síria moderna, influenciando decisivamente o panorama político do país e também do Médio Oriente.

Mausoléu de Hafez Al-Assad

O impacto que teve no país está tão enraizado que muitos locais vêm em peregrinação até aqui, para prestar a sua homenagem. É importante ressalvar, no entanto, que os seus 30 anos de presidência são tudo menos consensuais entre a população

6.2. Castelo Marqab

Este é um dos muitos castelos que os Cruzados deixaram na Síria, com vista para a vila de Baniyas e para o Mediterâneo. Podemos encontrar influências islâmicas e cristãs na sua construção, mas o período mais determinante para este forte foi a época Islâmica, em que pela proximidade ao mar sinalizava a chegada de frotas hostis às restantes fortalezas.

6.3. Amrit

Já nas proximidades de Tartous, encontramos mais umas ruínas, desta vez de Amrit (antigamente conhecida como Marathos). Era uma cidade-porto fenícia, hoje património da UNESCO.

Templo dos Obeliscos

O monumento mais impressionante que aqui vislumbramos é o Templo dos Obeliscos, que consiste numa torre central cercada em tempos por água e monólitos dispostos em quadrado. Neste templo realizavam-se importantes cerimónias religiosas fenícias apenas parcialmente desvendadas aos dias de hoje. A cidade-estado foi depois tomada pelos Romanos, como o comprovam estruturas como villas, banhos e mosaicos típicos.

6.4. Arwad

Arwad é a única ilha em território sírio, consistindo numa pequena vila a poucos quilómetros de Tartous. Foi também uma cidade fenícia anteriormente, como provam as suas muralhas reforçadas, hoje apenas destroços. A ilha é habitada por pescadores bem sucedidos e suas famílias. Infelizmente, as ruas estão deixadas ao abandono e com lixo espalhado por todo o lado. Além da curiosidade geográfica, não achámos que a visita valha a pena.

Arwad

Dia 7: Krak des Chevaliers (Fortaleza dos Cavaleiros)

O objetivo principal deste sétimo dia era explorar a Fortaleza dos Cavaleiros, um dos mais espetaculares e bem preservados castelos dos Cruzados do Médio Oriente e do mundo. Partimos cedo de Tartous mas antes tínhamos outras paragens programadas.

7.1. Castelo Masyaf

Antes de chegar ao Krak des Chevaliers, a estrada leva-nos a outro castelo (menos espetacular). Após a queda dos Cruzados no Médio Oriente, este castelo acabou por ficar pertença dos Ismailis, uma secção dos muçulmanos Shia, e a sua importância foi crescendo até se tornar o centro das atividades destes na região.

A probabilidade de encontrar turismo doméstico aqui é alta, dada a proximidade às cidades costeiras. O castelo ocupa um promontório na parte central da vila de Masyaf e dele podemos observar a cidade toda.

Cidade de Masyaf a partir do castelo

7.2. Torre Safita

Mais à frente encontramos uma edificação que provavelmente seria o elemento central de um complexo defensivo de maior escala. Construída no séc. XIII, ergue-se dominando uma vasta área das montanhas sírias, permitindo um atempado reconhecimento de potenciais inimigos. Atualmente, o piso térreo foi convertido numa igreja, e os pisos superiores servem de pequeno museu à história desta torre.

7.3. Krak des Chevaliers (Fortaleza dos Cavaleiros)

Na nossa opinião, este é sem dúvida um dos pontos altos da viagem e das melhores atrações da Síria. É dos maiores castelos que podemos encontrar no Médio Oriente, representando exemplarmente a arquitetura e engenho militar dos Cruzados.

Krak des Chevaliers

Foi inicialmente uma modesta fortaleza curda, durante o séc. XI. Mais tarde, o forte foi capturado e oferecido a uma ordem militar católica, que o renovou, ampliou e reforçou durante o séc. XII. Dada a sua dimensão incomparável nesta zona do mundo, acabou por ser o ponto central da estratégia bélica dos Cruzados no Oriente Médio.

Todos os pormenores são orientados para a defesa do castelo e optimização da logística em caso de ataque. Dentro das suas muralhas, a vida normal decorria graças a cisternas, salas de jantar, capela, pátios e sistema de esgotos. Uma visita guiada é indispensável para entender como tudo se correlaciona nesta fortaleza medieval.

Com a passagem dos anos, o castelo passou eventualmente para as mãos dos exércitos Islâmicos, tal como quase todo o Médio Oriente. Apesar de todas as provas exigidas pelo passar do tempo, mantém-se ainda extremamente bem preservado.

Dia 8: Palmira

Mais um enorme dia em que acrescentámos um visto à nossa bucket list. Após uma noite perto da Fortaleza dos Cavaleiros, esperavam-nos uns 200km até às ruínas de Palmira. O plano seria passar o dia nesta cidade Romana, e depois descer novamente o deserto mais para sul, rumo a Damasco.

Palmira

Escondida no Deserto Sírio, a esta antiga metrópole romana correspondem umas das mais famosas ruínas do Médio Oriente. Inicialmente não passava de um acampamento num oásis, mas o destino quis que se desenvolvesse com a ajuda da administração Romana, que a transformou numa cidade próspera e culturalmente rica.

Escrevemos um post dedicado apenas a Palmira, onde poderão encontrar mais detalhes acerca da nossa visita. Basta clicar aqui.

Dia 9: ida e volta a Busra

9.1. Busra

De Damasco, embarcámos numa viagem a mais um monumento destacado pela UNESCO, desta vez perto da fronteira com a Jordânia. Busra (também conhecida como Bosra) emergiu como cidade Romana, evoluindo subsequentemente para uma das maiores cidades dos califados Islâmicos. Durante a Guerra Civil, esta zona da Síria mostrou-se fortemente afecta às milícias da oposição.

A joia da coroa é o fantástico Teatro Romano, de uma arquitetura e lotação distintas, capaz de albergar milhares de espectadores. Um aspecto peculiar é inerente à sua história: durante o período Islâmico, foi usado como castelo e rodeado de muralhas. Este facto não será indiferente ao seu estado atual de conservação, que é quase perfeito.

O Teatro Romano de Busra ficará como um dos melhores que vimos na vida.

Além desta peça central, podemos encontrar outros vestígios dispersos do Império, como templos, banhos, fortificações... Infelizmente, no meio da confusão do conflito armado que se arrastou nos últimos anos, muitos locais procuraram e ainda procuram no solo algo que lhes traga alguma riqueza, como um artefacto esquecido ou uma moeda de ouro.

É reconhecida à cidade importância também na tradição Islâmica, uma vez que se acredita que Maomé por aqui passou na sua juventude.

Toda a cidade velha encontra-se pontilhada de vestígios romanos

9.2. Mesquita Sayyidah Zainab

No caminho de volta para Damasco, visitámos esta bela mesquita Shia. Poderão encontrar uma descrição mais detalhada no artigo completo da capital da Síria - clicar aqui.

E assim encontramos-nos no término da nossa viagem pela Síria. Ainda matámos saudades dos souqs de Damasco nas últimas horas livres, antes do regresso a Beirut. É importante relembrar que, apesar das imagens que nos vêm à cabeça quando pensamos ns Síria, a realidade no terreno foi-nos bastante diferente. Todos com quem nos cruzámos foram inexcedíveis connosco.

Mais ainda: não esquecer que o governo controla cerca de metade do país, incluindo cidades e pontos-chave em qualquer roteiro turístico tradicional, e que a Síria está com melhor aspeto relativamente ao que nos é retratado nas notícias. Ficámos a ganhar mais um país favorito, e certamente voltaremos. :)

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