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Ilha Norte da Nova Zelândia: 6 dias de autocaravana

A Ilha Norte é uma das duas principais ilhas da Nova Zelândia. Não lhe faltam pontos de grande beleza natural e diversidade de atrações, mas mesmo assim é frequentemente ofuscada pelas impressionantes paisagens da Ilha Sul.

Os pontos altos da ilha relacionam-se com a elevada atividade geotérmica e vulcânica nela presente, mas não devemos esquecer outros parques nacionais, locais históricos e metrópoles. Escolhemos visitar Auckland, a maior cidade do país, mas na realidade a capital é Wellington, que fica no extremo sul da ilha e portanto muito afastada dos restantes pontos de interesse. Não duvidamos de que seria uma cidade interessante de ver, mas optámos por cruzá-la do plano.

Aplicações como a CamperMate ajudam a localizar parques de campismo e outras acessibilidades relacionadas (águas, esgotos) em todo o país para aqueles que se aventuram nestas ilhas de autocaravana. E para quem estiver a viajar com orçamento limitado ou simplesmente não quiser gastar muito dinheiro em alojamento, a aplicação tem uma função de filtragem por gratuitidade ou preço.

Mas sem mais delongas, vamos começar por mostrar no mapa os pontos que nos despertaram mais interesse:

Plano

Dia 0: Chegada

Como normalmente acontece com os itinerários que temos publicado, o "primeiro dia" é na realidade o dia 0. Coincide com a data de chegada e usamo-lo para nos organizarmos no novo país, arranjar um carro (se aplicável) e adiantar quilómetros na direção do que queremos ver.

Chegámos a meio da tarde, após uma longa viagem que nos roubou mais de 30 horas das férias (um "mal" necessário para cá chegar). Depois de uma breve introdução às rotinas relacionadas com a nossa autocaravana, partimos da zona do aeroporto de Auckland em direção ao sul, chegando a Hamilton, a próxima "grande" cidade.

Aqui encontrámos uma vasta oferta de supermercados que se revelou muito útil, pois precisávamos de comprar comida e outros artigos (gel de duche, detergentes...) para tornar o veículo minimamente habitável. Sendo uma cidade de dimensão considerável, encontrámos também campismo gratuito por perto, por isso passámos aqui a noite.

  • Aeroporto de Auckland -> Hamilton (109km; 1h14)

Dia 1: Grutas de Waitomo e Santuário Maungatautari

1.1. Grutas de Waitomo

O nosso primeiro dia verdadeiramente completo na NZ começa com um local bastante peculiar. As Cavernas de Waitomo são habitadas por uma espécie endémica de "glowworm" (semelhante ao pirilampo) - Arachnocampa luminosa- que usa a bioluminescência para atrair presas. Estes insectos são extremamente fotossensíveis e portanto não são permitidas fotos no interior da gruta.

Foto à saída da gruta. A parte final da visita faz-se de barco.

Encontram-se disponibilizados 3 tipos de visita:

  • A visita clássica, pela qual optámos (Waitomo Glowworm Cave tour)
    • demora 1h e inclui uma secção final que se atravessa de barco
    • Entrada: adultos: 55NZD / 4-14 anos: 25NZD / 0-3 anos: entrada livre
  • Aranui Cave tour
    • uma abordagem mais geológica às grutas, que nos pareceu menos interessante. Pela descrição oficial não é sequer perceptível se é possível vislumbrar as glowworms nesta tour
    • Entrada e duração da visita: semelhantes à Waitomo Cave tour
  • Ruakuri Cave tour
    • É aparentemente a mais completa das três opções mas também é mais cara e demora 1h45 a completar
    • Entrada: adultos: 79NZD / 4-14 anos: 30NZD / 0-3 anos: entrada livre
  • Hamilton -> Waitomo (68km; 56min)

1.2. Kiwi House (Otorohanga)

Esta paragem não estava contemplada no plano inicial mas simplesmente não conseguimos resistir depois de termos reparado nas publicidades ao longo da estrada. Trata-se de um centro de conservação que se foca na reabilitação de kiwis selvagens, como o nome deixa adivinhar. Já sabíamos de antemão que vê-los no estado natural era difícil: são seres noctívagos e muito evasivos. Sendo assim, não ignorámos a dica e decidimos visitar este lugar.

O complexo tem dois abrigos com baixa luminosidade onde casais kiwi habitam num ambiente próximo do natural. Podemos vê-los ao vivo através de um vidro ou então pelo circuito de vídeo (algumas câmaras filmam os ninhos). Não é permitido fotografar dentro dos abrigos.

Circuito fechado de vídeo

Além destes, também podemos observar outras aves e répteis nativos fazendo um percurso pedestre dentro dum grande aviário ao ar livre.

  • Entrada: adultos: 26NZD / 5-15 anos: 10NZD / 0-4 anos: entrada livre
  • Tempo aproximado de visita: 1 hora
  • Waitomo -> Otorohanga (16km; 15min)

1.3. Santuário do Monte Maungatautari

Não é um facto muito conhecido, mas a fauna atual da Nova Zelândia é bastante diferente da de outrora. Assim se explica que aves como o kiwi ou o kakapo evoluíssem no sentido de não voar: não tinham predadores portanto não precisavam dessa capacidade. Por exemplo, até ao século XIII não existiam roedores na ilha. E depois, com a chegada dos navios ingleses, vieram também os coelhos, cuja inevitável proliferação descontrolada foi "resolvida" com a introdução de furões e outros predadores.

Estas espécies são consideradas pragas e ativamente controladas pelas autoridades neozelandesas que utilizam armadilhas e veneno para diminuir a sua população. Não só competem por comida com as aves nativas da NZ, como também as predam. Estima-se que estas ilhas perderam um número razoável de espécies de aves durante os últimos séculos. Locais como este santuário impedem a entrada de roedores graças a uma cerca electrificada, mimetizam o ambiente original da ilha e dão às aves a oportunidade de se multiplicarem pacificamente.

Esta foi a nossa última paragem do dia. E felizmente que assim foi: chegámos mesmo antes da hora de encerramento da recepção (16:00) e ficámos surpresos por saber que, comprando o bilhete, podíamos cá ficar o tempo que quiséssemos.

Kaka, uma das muitas espécies de aves que podemos facilmente encontrar nesta zona

O santuário distribui-se por dois recintos: um principal e outro denominado sul, mais pequeno. Fomos visitar este último e fizemos os trilhos Rimu (2km) e Rata (2,2km), assim batizados em honra de espécies arbóreas nativas. O final da tarde acaba por ser das melhores alturas para visitar a montanha, visto que a fauna é mais ativa nesta altura do dia. Vimos, por exemplo: Kaka, Pitoitoi, Popokotea, Miromiro, Tieke, Piwakawaka, Kereru...

  • Entrada: adulto 25NZD // criança 11,5NZD
  • Tempo aproximado de visita: 2-3 horas
  • Otorohanga -> Maungatautari (47km; 37min)

Nesta noite pernoitámos num parque de campismo gratuito a meio caminho entre Maungatautari e o nosso ponto de interesse seguinte, Orakei Korako.

Dia 2: Em redor de Taupo

2.1. Orakei Korako

O nosso segundo dia na Ilha Norte foi quase totalmente dedicado a locais de atividade geotérmica. O primeiro, Orakei Korako, é um conjunto de socalcos vulcânicos próximo de Taupo e sem dúvida uma das atrações geotérmicas mais completas do país. Aqui podemos encontrar géiseres, piscinas de lama borbulhante, fontes termais e terraços de sílica... A Gruta de Ruatapu é outro dos destaques daqui e uma das duas cavernas geotérmicas conhecidas no mundo, algo a não perder.

Os socalcos coloridos de sílica em Orakei Korako, cercados por flora nativa

Os terraços de sílica e o vapor emanado são facilmente avistados do parque de estacionamento, lá longe do outro lado do lago. É necessária uma travessia de barco para alcançarmos o local (viagem incluída no preço de entrada).

  • Entrada: adultos: 45NZD / 6-16 anos 19NZD / 0-6anos: entrada livre
  • Tempo aproximado de visita: 1h30
  • Horário de funcionamento: 8-16h

2.2. Crateras da Lua

Se partirmos de Orakei Korako na direção de Taupo, passamos outro local de actividade vulcânica peculiar. As Crateras da Lua englobam um vasto campo de fumarolas e lagos de lama borbulhante cuja génese se relaciona com a abertura prévia de uma estação geotérmica nas redondezas, durante a década de 50.

Um passadiço de madeira conduz-nos por um circuito entre as numerosas fumarolas. Este tem que ser regularmente movido devido ao aparecimento de novas fissuras.

As fumarolas das Crateras da Lua e Taupo em plano de fundo
  • Entrada: adultos 10NZD / 5-15 anos 5NZD / 0-4 anos entrada livre
  • Tempo aproximado de visita: 1 hora
  • Horário de abertura: 9h30-17h00 (lúltima entrada 16h)
  • Orakei Korako -> Crateras da Lua (32km; 27min)

2.3. Taupo

A cidade de Taupo localiza-se na costa norte do lago homónimo, que é o maior da NZ. Este drena para o rio Waikato, que atravessa a cidade e corre para norte depois de atravessar as cataratas de Huka.

A cidade propriamente dita não tem nenhum ponto de referência em especial. Ainda assim, é muito procurada por turistas neozelandeses que encontram nas suas praias, fontes termais e resorts a escapadinha perfeita. Para além disto, é também um hub importante de desportos radicais.

Aqui visitámos as cascatas Huka de que já falámos, um conjunto de quedas de água situadas num estreito leito de rio. Uma rede de trilhos rodeia as quedas de água e é um local onde se vêem habitualmente muitos locais a caminhar ou a fazer jogging.

  • Entrada (cataratas): grátis
  • Tempo aproximado de visita: 1 hora
Turistas num miradouro sobre as Cataratas Huka

Também planeámos ver as Ngatoroirangi Maori Rock Carvings, uns baixos relevos num penhasco virado para o Lago Taupo que homenageiam os ancestrais indígenas da NZ. É difícil fazê-lo de forma independente são apenas acessíveis por barco. Infelizmente o último do dia já tinha partido quando chegámos à bilheteira, pelo que não pudemos visitar: a desculpa perfeita para outro ponto alto de Taupo: a vasta oferta de cerveja artesanal em um dos muitos pubs da cidade.

  • Entrada (relevos Maori): adultos 40NZD / crianças 15NZD / bebés grátis
  • Horário de partida dos barcos: 10:30 / 14:00
  • Tempo aproximado de visita: 2 horas
  • Crateras da Lua -> Taupo (7km; 8min)

De Taupo, conduzimos ao fim da tarde para sul até ao Parque Nacional de Tongariro, onde passámos a noite.

  • Taupo -> Tongariro (73km; 1h03)

Dia 3: Tongariro

O dia mais esperado na Ilha Norte acabou por ser a pior decepção enfrentada nos nossos últimos anos de viagem. Tongariro é o parque nacional mais antigo da NZ e lar de três vulcões ativos: Ruapehu, Ngauruhoe e Tongariro.

Aqui, guardámos um dia completo para fazer o Tongariro Alpine Crossing, um trilho de caminhada que pela sua extensão nos ocuparia umas 7-8h. O percurso tem 19,4km de comprimento e atravessa as heterogéneas paisagens vulcânicas entre os três vulcões. É frequentemente considerada como o melhor trilho pedestre da Nova Zelândia, com vistas incríveis e paisagens de outro mundo. O caminho é linear, o que significa que tivemos de deixar a nossa autocaravana no parque de estacionamento do final do trilho e apanhar um táxi até ao início. Os proprietários do parque de campismo em que ficámos (denominado Crossroads) prestaram-nos esse serviço por 80NZD.

Tongariro envolvido em nevoeiro

Honestamente, à chegada o nevoeiro não augurava nada de bom mas mesmo assim continuámos, contando que a imprevisibilidade meteorológica actuasse a nosso favor. Ao 4º quilómetro as condições ficaram brevemente melhores, mas à medida que subíamos em altitude o clima começava a deteriorar-se. O 8º quilómetro trouxe-nos ainda mais nevoeiro, e infelizmente um nevão e rajadas de vento atingiram a montanha pouco depois. Com estas condições tornava-se possível um acidente, e quase toda a gente optou por não arriscar atravessar a estreita passagem entre a cratera central e a cratera vermelha.

Não foi fácil desistir de algo como isto, particularmente quando já estávamos a meio caminho, mas a visibilidade era péssima e não veríamos nada de qualquer maneira. Ter de percorrer toda a distância de volta ao ponto de partida com ventos fortes e neve/chuva foi um murro no estômago. Ainda pior: a nossa autocaravana esperava-nos a muitos quilómetros de distância, no final do trilho. Felizmente recebemos uma boleia de um casal francês que conhecemos no caminho, e que tal como nós desistiram. Graças a eles, poupámos bastante tempo e dinheiro.

It was still early in the day and we slowly headed north to clear some other landmarks in this North Island. Taupo was of course the perfect halfway stop for a rest and another craft beer!

  • Tongariro -> Matamata (190km; 2h27)

Dia 4: Hobbiton e Rotorua

4.1. Hobbiton

O nosso 4º dia presenteou-nos com outro destino muito antecipado. A entrada em Hobbiton é cara, sim, e é uma "aldeia" construída para um filme, mas os fãs de Tolkien provavelmente não se importarão de esbanjar alguns euros neste local idílico. Não devemos esquecer no entanto que este cenário era apenas o local de filmagens exteriores, e como tal as tocas de hobbit estão completamente vazias no interior.

É obrigatório fazer parte de uma visita guiada para aceder a este local. Um autocarro faz o transporte da recepção a Hobbiton, onde um guia nos acompanha por esta pitoresca encosta. A meio do percurso, existe uma paragem programada para tirar a clássica fotografia com uma das tocas. A excursão termina com uma bebida grátis à escolha no restaurante/bar de Hobbiton.

Os bilhetes esgotam rapidamente, por isso recomendamos a utilização do site para reservar com antecedência. Escolhemos a tour convencional mas também existe uma opção que inclui uma refeição vespertina no restaurante do complexo.

  • Tempo aproximado de visita:
    • Visita básica: 2h
    • Visita com jantar: 4h
  • Entrada
    • Visita básica: adultos 89NZD / 9-16anos 44NZD / 0-8anos. grátis
    • Visita com jantar: adultos 199NZD / 9-16anos 162NZD / 5-8anos 104NZD / 0-4anos grátis

4.2. Rotorua

Uma outra cidade reconhecida pelos fenómenos geotérmicos que a rodeiam, assim como Taupo. Na realidade, são cidades próximas mas a nossa organização da viagem fez com que as visitássemos em alturas diferentes.

Podemos considerar a visita a três grandes parques geotérmicos, mas no entanto o tempo só nos permitiu ver um deles. De entre Te Puia, Wai-O-Tapu e Waimangu, escolhemos o último.

Te Puia é provavelmente a mais famosa atração em Rotorua, em larga escala devido ao géiser Pohutu, o maior do hemisfério sul. Entra em atividade 20x por dia, a uma altura de cerca de 30m. No recinto também podemos encontrar uma réplica de vila Maori com experiências típicas e um centro de conservação de kiwis. Ainda assim, não escolhemos visitar este local: a maioria dos artigos que lemos refere-se a este parque como algo extremamente comercial e no qual as paisagens naturais já não conservam o estado e beleza naturais.

Já o parque Wai-O-Tapu encontrava-se fechado para remodelações na altura em que visitámos a Nova Zelândia. Gostaríamos imenso de visitar este parque com atrações tão diversas como lagos de enxofre, lama borbulhante e géiseres. Estávamos mesmo indecisos entre esta opção e Waimangu mas o encerramento temporário da primeira facilitou-nos a decisão.

E finalmente, Waimangu! A distância para Rotorua é provavelmente inversamente proporcional ao número de visitantes que estes recintos recebem, algo que também pode explicar que Te Puia (que fica perto do centro da cidade) seja muito mais falado e visitado. O azar bateu-nos à porta novamente, fazendo com que tivéssemos de visitar este parque com alguma chuva.

Lago Frying Pan

O recinto engloba um trilho linear de 4,5km em torno do qual vamos encontrando vários fenómenos geotérmicos. O caminho termina no misterioso Lago Rotomahana, a partir do qual poderemos apanhar um barco até à cratera Star Hill. Na nossa opinião, as melhores atrações são o Lago Frying Pan (traduzindo à letra: frigideira), que é a maior nascente termal do Mundo!, e a cratera Inferno, sem esquecer todos os terraços de sílica que vamos vendo ao longo do percurso.

Cratera Inferno
  • Entrada:
    • Te Puia: adultos 75NZD / 5-15 anos 37,5NZD / 0-4 anos entrada livre
    • Wai-O-Tapu: adultos 32,5NZD / 5-15 anos 11NZD / 0-4 anos entrada livre
    • Waimangu: adultos 44NZD / 6-16 anos 15NZD / 0-5anos: entrada livre
  • Hobbiton -> Rotorua (69km; 59min)

Dias 5-6: Auckland

Hora de regressar ao nosso ponto de entrada na ilha, Auckland. O trajecto desde Rotorua ainda é longo e a realidade da condução na NZ nem sempre se coaduna com as estimativas de chegada do Google Maps, o que nos acabaria por roubar toda a manhã.

É aqui que este itinerário se encontra com o guia que fizemos de Auckland , começando na primeira tarde com uma visita ao Museu de Auckland e prosseguindo com uma tour pedestre pelo centro da cidade no nosso 6º dia.

  • Rotorua -> Auckland (226km; 2h47)

Termina assim o nosso circuito de caravana pela Ilha Norte da NZ! Em caso de dúvidas ou questões, a nossa caixa de comentários encontra-se disponível e responderemos assim que pudermos! Caso estejam interessados em visitar a outra ilha, podem consultar aqui o nosso itinerário da Ilha Sul 🙂

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